sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Prémios Hostelworld - mais um sucesso também para Portugal

Ocorreu esta semana mais uma Conferência, a 15ª do hostelworld.com, famoso portal dedicado ao turismo jovem, de “backpackers”, símbolo do “low-cost”, de um estilo de vida livre, enfim da bonita vida dos Hostels.

Apesar de se ter perdido um certo “feeling” nos Hostels, hoje cada vez mais padronizados no seu estilo, cada vez mais um negócio puro e duro e cada vez mais longe da ideia inicial de “social travelling”, há que fazer justiça – justiça que as autoridades de turismo nunca fizeram. Lá atrás, nos momentos de crise financeira, nos momentos em que a crise atingiu o turismo, foram os Hostels e alojamentos alternativos que relançaram a atividade, com números positivos de ocupação, crescendo quando todos os outros estavam em estagnação. Pode-se dizer, por desconhecimento de causa, que tal só se passou, por se tratar de uma alternativa barata em tempos de crise. É curto afirmar isso. Isso era real para muitos viajantes, mas o essencial era o gosto pela vida na estrada, no comboio, no avião. Conhecer uma imensa variedade de destinos tão rápido quanto possível. Para muitos, uma reedição da volta ao mundo em oitenta dias. Mas sempre tendo em atenção o espírito comunitário, o desejo de fazer novos amigos, a partilha de conhecimentos, informações e experiências. Esse era o espírito dos anos noventa, o qual ainda esteve em crise, mas foi reeditado ainda com mais força após o ano 2000, sobretudo com o surgimento da Net de banda larga e a popularização das redes sociais.

Atento a isto, o glorioso sr. Feargal Mooney, (ver foto abaixo, cortesia tourismfirst.org) sócio de um clássico Hostel de Dublin, Irlanda, decidiu fundar um portal de reservas on-line dedicado a Hostels e outros meios de alojamento em conta, hoje uma OTA mundialmente reconhecida. Começou por se dedicar às ilhas britânicas, mas num espaço de uma década tornou-se o maior portal do género do mundo. Ainda hoje, apesar da concorrência de portais generalistas de reservas com muito mais meios, continua a ser o maior dos Hostels, fruto do aumento de capital da empresa, parcialmente adquirida por um fundo de investimentos, além da posterior aquisição dos maiores concorrentes. O que restou, não tem expressão em comparação com o Hostelworld.

Neste comentário, o que interessa recordar, são as famosas Conferências de Dublin, tal como a que terminou esta semana. Além do espírito comunitário que unia o “staff” dos Hostels participantes (vai gente de todo o Planeta), além dos eventos sociais paralelos com muitos “drinks” e conversas intermináveis sobre viagens e ideias, estas conferências eram autênticas ações de formação para a Hotelaria moderna, nomeadamente a transição para o chamado turismo 2.0 e mais tarde para o  3.0 – naquelas salas de reunião, naqueles painéis de discussão, sempre se esteve muito à frente, razão pela qual o sucesso foi facilmente garantido. Como é bom hoje lembrar, só para dar um exemplo, do discurso entusiasmado de um amigo do Google, há muitos anos, falando sobre SEO, de quão importante isso se ia tornar, do espanto do auditório perante esses novos conceitos. Ou a importância das “mobile reservations”, algo que muitos hoteleiros ainda não interiorizaram como presente, achando que isso é coisa do futuro. A larga maioria dos Hoteleiros clássicos ainda nem sequer tinha noção de assuntos que foram tratados nessas Conferências. Nesse particular, diga-se, ser pioneiro valeu e rendeu para quem estava no terreno.
Quinze anos depois do primeiro evento, pode-se dizer que já não é como dantes, já não há grandes novidades que nos possam surpreender, o que é fruto de uma globalização, generalização dos chamados “conhecimentos avançados”.

Mas há algo que nunca se perde nesta iniciativa: o caráter social, o “networking” e os prémios para os melhores Hostels do mundo, os chamados “Hoscars”. Vale a pena lembrar que foi graças a estes prémios e não a outros, que os Hostels portugueses ganharam a fama nacional e internacional que muito haveria de contribuir para o turismo português, para mais emprego e rendimento. Terminamos assim esta modesta homenagem com o destaque dos Hostels lusitanos que ganharam menções nesta edição de 2017:
Na categoria de melhor Hostel de pequena dimensão (até 75 lugares), o famoso Travellers House de Lisboa ficou em terceiro lugar. Vale a pena lembrar que o Travellers foi durante muitos anos o melhor do mundo.
Agora o melhor ocorreu na categoria de melhor Hostel de média dimensão (até 150 lugares).

1º - Home Lisbon Hostel (também o 3º melhor da Europa na tabela geral e 1º em Portugal)
2º - Yes! Lisbon Hostel
3º - Lost Inn Lisbon
E ainda ficaram outros três no “top 10”. Fabuloso.
Até na categoria seguinte, de Hostels até 350 lugares, temos um português, em 10º lugar, neste caso o Tattva Design do Porto.
Na categoria de melhor ambiente (social), temos o melhor do mundo em Lisboa, o Goodmorning Lisbon, outro clássico da capital portuguesa.

Houve tempos em que quase só ganhavam Hostels deste país. Diz-se até que foram mudados os prémios e alguns critérios para dar hipóteses aos outros. Não temos dúvidas de que terá sido assim.
Estão todos de parabéns por terem conseguido mostrar que, em Portugal, as pessoas anónimas é que fazem o turismo ser o que é. São as pessoas reais, comprometidas com o turista, que fazem com que sejamos um destino cada vez mais apreciado. Os Hostels, antigo patinho feio do turismo, mostraram como se faz e, sobretudo, como se faz bem. Mas o grande vencedor é sempre o Hostelworld, na figura do Feargal, aquele que acreditou que estava certo quando todos os outros caiam na hesitação, na descrença. Foi bom para todos.

Que assim continue o sucesso!


Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.