Um espaço de discussão e informação sobre Turismo diferente e muito à frente. "We start where the others stop"
quarta-feira, 7 de agosto de 2019
Turismo a mais? Um video que fala desse assunto!!
terça-feira, 7 de maio de 2019
Brexit - mau para o nosso turismo, bom para muitos outros
Mais um vídeo no nosso canal no YT.
Pode deixar o seu comentário na secção respectiva. Obrigado.
Pode deixar o seu comentário na secção respectiva. Obrigado.
quarta-feira, 24 de abril de 2019
Mais turistas? Crise da aviação europeia diz-nos que não dá
Fica o primeiro video a "sério" do nosso canal, depois da apresentação no "post" anterior.
Esperamos que divulgue o turismo 3.0 e o canal "arturismo" no YT.
Esperamos que divulgue o turismo 3.0 e o canal "arturismo" no YT.
segunda-feira, 15 de abril de 2019
segunda-feira, 1 de abril de 2019
Nova fase da crise da aviação europeia ?
Depois de várias companhias aéreas, LCC ou FSC, depois do atribulado processo Air Berlin, depois de tanta coisa estranha, está aí a Islandesa WOW a dizer adeus aos ares e a Easyjet a dizer olá a prejuízos.
Recorde-se que as grandes LCC viveram de uma bonança que advinha do "boom" do turismo e de petróleo barato. Agora, nem uma coisa nem outra, pelo que a Easyjet anunciou a possibilidade de prejuízos para o primeiro semestre de 2019 na ordem de mais de 300 milhões de euros.
O assustador é o motivo: fraco volume de reservas, não só no último inverno (o inverno IATA acabou há dois dias), mas também a se prolongar pela primavera corrente. O padrão é conhecido por quem trabalha com reservas. As pessoas não estão a reagir sequer às promoções, pelo menos, da maneira que seria normal. Nesse caso, as possibilidades de prejuízo são assustadoramente reais.
Vamos ver como segue a história. Não há, agora, espaço para muito otimismo.
Para mais ajuda, o maior grupo deste continente, a Lufthansa, vê-se a braços com ameaças de greves setoriais para a temporada de verão. Os sindicatos independentes juntam-se aos seus colegas mais influentes nas reivindicações salariais. Isso não são as melhores notícias num quadro que se prevê mais complicado do que foi nos últimos cinco anos.
Precisamente numa altura em que as coisas prometem "aquecer", chegou a altura de anunciar novidades. O vosso blogue turismo 3.0 vai passar a ser também um "vlog". É mais interessante, é mais desafiante, espero que seja agradável para os interessados no turismo. Haverá sempre temas importantes a abordar.
Até breve.
Recorde-se que as grandes LCC viveram de uma bonança que advinha do "boom" do turismo e de petróleo barato. Agora, nem uma coisa nem outra, pelo que a Easyjet anunciou a possibilidade de prejuízos para o primeiro semestre de 2019 na ordem de mais de 300 milhões de euros.
O assustador é o motivo: fraco volume de reservas, não só no último inverno (o inverno IATA acabou há dois dias), mas também a se prolongar pela primavera corrente. O padrão é conhecido por quem trabalha com reservas. As pessoas não estão a reagir sequer às promoções, pelo menos, da maneira que seria normal. Nesse caso, as possibilidades de prejuízo são assustadoramente reais.
Vamos ver como segue a história. Não há, agora, espaço para muito otimismo.
Para mais ajuda, o maior grupo deste continente, a Lufthansa, vê-se a braços com ameaças de greves setoriais para a temporada de verão. Os sindicatos independentes juntam-se aos seus colegas mais influentes nas reivindicações salariais. Isso não são as melhores notícias num quadro que se prevê mais complicado do que foi nos últimos cinco anos.
Precisamente numa altura em que as coisas prometem "aquecer", chegou a altura de anunciar novidades. O vosso blogue turismo 3.0 vai passar a ser também um "vlog". É mais interessante, é mais desafiante, espero que seja agradável para os interessados no turismo. Haverá sempre temas importantes a abordar.
Até breve.
segunda-feira, 25 de março de 2019
Já são mil e quatrocentos milhões de turistas internacionais
Lembram-se destes dados recentes da Organização Mundial do
Turismo das Nações Unidas, através do seu anuário de estatísticas? Pois bem, foram
os números de 2018, que são finais. Passou de 1.400 milhões o número de
turistas do mundo inteiro que se deslocam (pernoitas) ao estrangeiro,
incluindo-se aqui todos os motivos possíveis para a viagem. Não estão
incluídos, claro, trabalhadores vizinhos que cruzam fronteiras diariamente, ou
mesmo “turistas” que não pernoitam, limitam-se a passar a fronteira vizinha
para jantar fora ou mesmo só para beber um café, adquirir bens de consumo mais
baratos, etc… se assim não fosse muitos “turistas” portugueses teriam de ser
contabilizados só por abastecerem combustível em Ayamonte.
Agora que estamos esclarecidos, há que referir que este
número só era esperado em 2020 (previsões anteriores) ao mesmo tempo que se
esperava um número bem maior em 2030, cerca de 1.800 milhões. Curiosamente, a
previsão de 2020 fica obsoleta dois anos antes e a de 2030 não muda. Mas há
quem diga que chegaremos a esse ano distante com dois mil milhões de turistas internacionais. Diga-se que isto
significaria um crescimento médio mundial de 3% ao ano para que tal cifra fosse
atingida. Pode-se considerar, então, dois mil milhões de turistas um objetivo
razoável se nada de muito estranho ocorrer entretanto.
Olhando para o gráfico que publicamos com este texto, é algo
razoável atendendo ao que se passou nos últimos anos. O crescimento global do
turismo atingiu 5.6% em 2018 contra impressionantes 7% em 2017. Mesmo que
ocorra uma “normalização” do crescimento, os ditos 3% ao ano são exequíveis
mesmo num quadro de crescimento económico global inferior ao atual. A própria OMT
prevê para 2019 um crescimento global entre 3 a 4%. A tendência histórica
mostra que em longos períodos, o crescimento do turismo internacional tende a
ser superior ao crescimento económico. Isto tem sido verdade não só globalmente
mas também por continentes ou regiões.
É curioso verificar as diferenças precisamente entre regiões
do mundo: a Europa está em linha com o crescimento global, embora com altos e
baixos. Continua a ser dos destinos mais apetitosos para europeus (é fácil e
barato ser turista dentro do próprio continente) e para a maioria dos
restantes. Deverá, pois, continuar a crescer, embora com números ligeiramente
mais modestos. É o regresso à média histórica, o que será normal, tratando-se
de um mercado mais “maduro” do que a maioria dos demais. A região
Ásia-Pacífico, muito por conta do turismo Chinês está a ultrapassar todas as
expetativas, podendo afirmar-se como um “grande” do turismo mundial. Se é
verdade que há mais gente a visitar a China, também é verdade que há mais
chineses a visitar países estrangeiros, sobretudo naquela região, a qual inclui
Austrália e Nova Zelândia. Em breve, o mercado internacional chinês poderá
representar mais pessoas do que alemães e britânicos juntos, embora o volume de
negócios por cabeça ainda não seja comparável.
As Américas, como tem sido referido por aqui, estão a ser o
parente pobre deste crescimento. Mas essa tendência poderá mudar à medida que
os EUA recuperam, assim como países latino-americanos que entraram em crise.
Para já, nada se veem grandes mudanças de curto prazo, mas a reação será grande
por parte dos responsáveis do continente. Por sua vez, a África está finalmente
a despontar. Há muito que aqui no nosso blogue falámos de turistas a visitar
novos destinos. Não se trata apenas da recuperação da África do mediterrâneo e
das ilhas, estamos a falar de destinos completamente novos, como o caso do
pequeno Ruanda. Em qualquer caso, a chamada África “negra” tem uma base ainda
tão baixa como termo de comparação que qualquer subida tende a ser bombástica.
Os dois últimos anos são a prova disso mesmo. Não há dados suficientes sobre o
continente que permitam tirar grandes ilações, mas a tendência está muito boa
para o longo prazo. Há fortíssimos investimentos hoteleiros em todo o lado, de
Cabo Verde às Seychelles, do Egito à África do Sul. Um pouco por todo o lado,
tirando as óbvias exceções por razões políticas e militares. Há desigualdades a
ter em conta mas, como um todo, é um continente cada vez mais na rota do
turismo.
Que dizer da grande surpresa chamada Médio Oriente? Atendendo
às circunstâncias, até que o crescimento não era mau de todo, mas o que se
teria passado em 2018? 10% de crescimento só pode querer dizer uma coisa: as
tensões geopolíticas associadas à região estão a ser substituídas por uma nova
esperança, com mais crescimento de negócios, algo que já se reflete nos números
das chegadas internacionais. Aquela região é uma caixinha de surpresas,
normalmente nem sempre agradáveis, razão pela qual devemos ser cautelosos a
efetuar previsões. Tudo pode, ainda assim, correr pelo melhor,
surpreendendo-nos positivamente. Fica, pois, o aviso à navegação: a continuar
assim, os destinos da Europa do sul e do sol, poderão perder alguns clientes
para aquele destino.
Os dados estão lançados. Há condições objetivas para a
continuação de crescimento um pouco por todo o lado. Os dois últimos anos,
globalmente falando, foram os melhores desde 2010 o que prova que o mundo
recuperou definitivamente das crises que o assolaram, sobretudo entre 2008 e
2011. Estes números não são válidos para todas as regiões, mas são um fator de
otimismo para o setor das viagens e turismo. Há até países que crescem (no
turismo) sem qualquer interrupção desde 2009 como é o caso da Alemanha. Uma
nação fortemente industrializada tende a ser esquecida neste contexto, mas o
que é facto é que a mesma é muito mais forte do que o cidadão comum pensa,
tendo batido recordes sucessivos, ao ponto de se pensar em criar por lá um
ministério do turismo. Surpresa? Só para os desatentos.
Também não será surpresa o facto de, dentro do continente
europeu, existir uma certa disparidade de números: quando se fala em 5.6% de
aumento em 2018, isso não corresponde a toda a europa. A parte ocidental cresce
mais do que a oriental com exceção dos países bálticos. O sul cresce mais do
que o norte, com esse destaque não só para Portugal, como Espanha e Grécia. Os
destinos de sol e praia são sempre apreciados. Estas diferenças no interior do
continente deverão, porém, ter tendência para serem atenuados à medida que o
destaque dos turistas for migrando para outras formas e experiências. Daí que
as grandes cidades, as cidades e locais históricos e outros destinos que
proporcionem experiências marcantes têm, em conjunto, condições para
ultrapassar o crescimento médio geral.
A surpresa para todos nós é outra: quem está a aumentar mais
os gastos em viagens para fora do próprio país? Não são aqueles que a maioria
de nós poderia pensar!
Apesar da fraca performance económica dos respetivos países,
são os Russos e os Franceses aqueles que mais aumentaram os gastos com viagens
ao exterior em 2018, respetivamente em mais 16% e 10%, seguidos dos
Australianos, estes com 9% a mais. A seguir, menor surpresa, são os
norte-americanos (mais 7%) e os sul-Coreanos (mais 6%). A maioria destes
aumentos alimentou as subidas nas próprias regiões. Franceses a gastar muito na
Europa ou Coreanos a gastar muito na região Ásia-Pacífico. Já os turistas dos
EUA foram mais “globais” nos gastos e os Russos são dos maiores responsáveis
pelas subidas (em proveitos) no médio oriente. Recorde-se como quando,
recentemente, a Turquia vivia uma implosão, Russos e Sauditas foram uma espécie
de “salvadores” desse destino.
Curiosamente, nem sempre o que é bom para um é bom para
todos. O que significa isto para Portugal?
Portugal tem hoje várias realidades turísticas que já não
podem ser ignoradas. Comecemos pelas ilhas. A experiência de visitar os Açores
não será certamente a mesma de quem visita a Madeira. O último era e será um
arquipélago tradicional, enquanto o primeiro será sempre um lugar para
experiências únicas. O que têm ambos em comum? Poucas coisas. Agora ambas têm
voos “low cost”. É mais um exemplo de que, sem eles, não há crescimento
explosivo no turismo. O Porto e a região norte sempre tiveram o chamado
“turismo galego” em particular e do norte de Espanha em geral. Mas com voos LCC
a história é outra. Isso acaba por beneficiar toda a região norte e centro,
pois mais gente em viagem significa mais gente à procura de coisas diferentes.
Em Lisboa, é marcante o facto de ser a “casa” da TAP. Para não falar de
inúmeras outras FSC. Mas nada disso seria completo sem a ajuda dos voos de
baixo custo. Os negócios que se desenvolvem na capital e arredores não teriam a
alavancagem atual sem o número de voos e pessoas que utilizam o aeroporto.
Aliás, nem a Portela ficaria obsoleta rapidamente. Até o Alentejo já merece uma
palavra. A parte da região mais próxima de Lisboa, tal como as partes raianas
há muito que despontaram o interesse de turistas e investidores. De momento,
tudo leva a crer que é uma tendência ainda com pernas para andar. Se é uma moda
passageira como a dos “montes alentejanos” de fim-de-semana, é algo que só o
futuro dirá de sua justiça.
O Algarve é hoje a realidade mais problemática.
Alvo de enormes investimentos ao nível de empreendimentos de toda a espécie e
categoria aos quais acrescem impressionantes investimentos em AL (mais de 31
mil licenças emitidas na região nesta data), repartindo-se por apartamentos,
moradias e outros, a região está mais sujeita aos perigos de um arrefecimento
da economia ou do “desvio” de turistas para outras paragens. Quando existem
investimentos a contar com um certo crescimento médio anual, é bom que ele
ocorra mesmo, caso contrário, a faturação estagna ou sobe residualmente
causando aquele desconforto do bolo que tem de ser dividido por mais convivas
do que o previsto. O passado recente já mostrou o que pode acontecer em caso de
investimentos desajustados, pendurados em demasiado crédito. Os ativos caem nas
mãos de fundos de recuperação, situação que não é ideal para a estabilidade dos
ditos empreendimentos. Ainda assim, é bem melhor do que portas fechadas. Com a
explosão do AL, como irá o mercado reagir a uma baixa do crescimento ou mesmo a
uma estagnação do mesmo? Essa experiência é um mundo totalmente novo para
todos. A grande incógnita é mesmo essa: como será a reação a uma realidade em
que o mercado só cresce a 3% ao ano e a oferta cresce a níveis superiores?
Iremos assistir a uma baixa generalizada de preços e qualidade? A uma guerra de
preços entre certos empreendimentos e AL?
A grande realidade é que, apesar de crescimentos ditos “explosivos”,
o número de dormidas só cresceu cerca de 2% em 2018, enquanto o RevPar sobe pouco
acima de 1.5%. Isto mostra que o número médio de dormidas continua na tendência
contrária à ideal e mostra também o facto a que aludíamos atrás, mais quartos
disponíveis na totalidade podem significar uma queda média de preços. As
primeiras indicações para 2019 mostram que além do fim do “boom” poderemos
assistir a uma estagnação das dormidas e a uma diminuição importante do
crescimento das receitas.
Em suma: o turismo é um setor de crescimento de longo prazo,
como todos sabemos, mas teremos mesmo nuvens negras no curto prazo, sobretudo
nos destinos mais maduros.
sábado, 26 de janeiro de 2019
Ainda sobre a dissimulada taxa de estadia....
Este assunto dá pano para mangas. O tópico que fizemos sobre o mesmo foi longo, mas havia que apresentar alguns argumentos pertinentes contra a mesma, alguns já amplamente debatidos, outros nem tanto. Há sempre a necessidade de se ir ao fundo da questão.
E a questão da legalidade?
Houve uma tentativa de taxa em Lisboa, a da proteção civil, que foi "chumbada" pelo Tribunal Constitucional, de modo que houve até devoluções de verbas já cobradas aos contribuintes.
E esta taxa turística (estadia)? Poderá seguir o mesmo caminho? Há já queixas no ar!
Como não somos juristas nem temos qualquer pretensão a sê-lo, nem queremos enveredar para a asneira e para a boçalidade, vamos socorrer-nos de um brilhante artigo já com dez meses mas sempre muito pertinente e útil de Vital Moreira, figura acima de toda a suspeita, quando se trata de assuntos que podem ferir a letra e o espírito da Constituição.
Para quem nunca leu, fica aqui a ligação à web do dinheiro vivo.pt
https://www.dinheirovivo.pt/opiniao/opiniao-nem-taxa-nem-turistica
Para que os nossos autarcas e respetivos séquitos possam refletir em consciência!!
E a questão da legalidade?
Houve uma tentativa de taxa em Lisboa, a da proteção civil, que foi "chumbada" pelo Tribunal Constitucional, de modo que houve até devoluções de verbas já cobradas aos contribuintes.
E esta taxa turística (estadia)? Poderá seguir o mesmo caminho? Há já queixas no ar!
Como não somos juristas nem temos qualquer pretensão a sê-lo, nem queremos enveredar para a asneira e para a boçalidade, vamos socorrer-nos de um brilhante artigo já com dez meses mas sempre muito pertinente e útil de Vital Moreira, figura acima de toda a suspeita, quando se trata de assuntos que podem ferir a letra e o espírito da Constituição.
Para quem nunca leu, fica aqui a ligação à web do dinheiro vivo.pt
https://www.dinheirovivo.pt/opiniao/opiniao-nem-taxa-nem-turistica
Para que os nossos autarcas e respetivos séquitos possam refletir em consciência!!
quarta-feira, 23 de janeiro de 2019
Flyzoo Hotel - China - uma nova experiência
Para quem não sabe, o grupo Alibaba é o gigante chinês e mundial do comércio eletrónico.
Muito bem, o investimento hoteleiro mais moderno do gigantesco grupo é o hotel FlyZoo, na cidade de Hangzhou, num total de 290 quartos.
O que é que isto de especial?
Aparentemente, nada, mas se dissermos que esta unidade é a incubadora de uma nova experiência de robotização e inteligência artificial direcionada para unidades hoteleiras, do grupo e não só, as coisas mudam de figurino.
A finalidade é a de se saber a reação dos hóspedes a este modelo de hotelaria, com cada vez menor intervenção humana, num mercado onde o consumidor assume rapidamente toda e qualquer inovação tecnológica. Sabe-se que no Japão este tipo de experiência deu resultados "nim". Uns a favor, outros contra. Na China e noutros locais poderá ser diferente.
Gostaria de receber toalhas limpas e "cocktails" de um robot em forma de aspirador ?
Veja esta reportagem fantástica da Reuters (só os primeiros minutos do video abaixo)
https://www.reuters.tv/v/PXa2/2019/01/23/alibaba-s-new-hotel-runs-on-robot-hospitality
Muito bem, o investimento hoteleiro mais moderno do gigantesco grupo é o hotel FlyZoo, na cidade de Hangzhou, num total de 290 quartos.
O que é que isto de especial?
Aparentemente, nada, mas se dissermos que esta unidade é a incubadora de uma nova experiência de robotização e inteligência artificial direcionada para unidades hoteleiras, do grupo e não só, as coisas mudam de figurino.
A finalidade é a de se saber a reação dos hóspedes a este modelo de hotelaria, com cada vez menor intervenção humana, num mercado onde o consumidor assume rapidamente toda e qualquer inovação tecnológica. Sabe-se que no Japão este tipo de experiência deu resultados "nim". Uns a favor, outros contra. Na China e noutros locais poderá ser diferente.
Gostaria de receber toalhas limpas e "cocktails" de um robot em forma de aspirador ?
Veja esta reportagem fantástica da Reuters (só os primeiros minutos do video abaixo)
https://www.reuters.tv/v/PXa2/2019/01/23/alibaba-s-new-hotel-runs-on-robot-hospitality
quinta-feira, 10 de janeiro de 2019
Uma Rosa e muitos espinhos ou a taxa do nosso descontentamento
Muito já se falou sobre a introdução de uma taxa turística
no Algarve, sabe-se há muito que foi em sede de reunião da associação de municípios
do Algarve que a decisão foi tomada mas não foi unânime pois desde o início o
município de Silves não apoiou nem gostou da decisão, fazendo logo constar que
não pensa sequer em introduzi-la no seu próprio concelho. Pode-se dizer, claro,
que o facto da Câmara Municipal de Silves ser liderada por um partido político
(neste caso coligação) que é uma exceção à regra, uma vez que no Algarve todos
os outros concelhos são liderados pelo PS e pelo PSD, estaria a tentar fazer
política “politiqueira” à conta desta questão, mas também se pode dizer que o
concelho de Silves está a tentar reabilitar um pouco a sua imagem através da
não aplicação da taxa, recuperando assim Armação de Pera como um importante
destino, além de chamar a atenção para o interior do concelho, zona também com
potencial para se afirmar como destino de investimentos. Como tal, a taxa turística
não seria uma boa ideia. Parabéns a Silves, ditos por quem nem sequer é apoiante dessa
coligação ou de outros partidos.
Independentemente dessa dissonância entre essa cidade e o resto
da região, é preciso dizer que a taxa turística só foi pensada por cá não pelo
facto de ela já existir nalguns países, mas apenas (mais uma vez isto é o típico
português) só porque Lisboa e, posteriormente, o Porto a introduziram. Simples
assim. Não é que o valor pensado para a mesma, de € 1,00 (valor mínimo) por
dormida a cobrar durante apenas um certo número de noites da estadia (pelo
menos 5 a 7 noites, talvez de março a outubro), seja algo caro ou inibidor para
os turistas. A questão aqui nada tem a ver com o preço, com o valor da taxa por
assim dizer.
A problemática surge devido ao sinal que estamos a passar
para fora, leia-se para os turistas individuais, para os operadores, enfim,
para os envolvidos no chamado “trade” turístico.
Basta fazer uma pesquisa na internet para chegarmos à
conclusão que, por exemplo, muitos dos turistas britânicos que visitam destinos
um pouco por toda a Europa não gostam da ideia da taxa turística, causando até
uma certa confusão a maneira como ela é paga. Este exemplo não é o único, claro,
há mais exemplos de pessoas que estranham, pois já pagam muitas “alcavalas” só
pelo simples ato de viajar. Sabemos muito bem que a taxa turística foi uma criação
de cidades e regiões que necessitavam claramente de sinalizar que muitos dos
seus residentes estavam “fartos” de turistas e tinham até razões para isso. Os
grandes exemplos são mesmo Paris, Barcelona, Amesterdão e a massacrada Veneza,
só para citar os mais emblemáticos. Obviamente que estas e outras cidades com
dinâmicas económicas que não passam só pelo turismo, como sucede na maioria das
capitais europeias, também poderão introduzir essa taxa (ou já o fizeram), até
para demostrar aos próprios residentes que as autoridades estão atentas e que
não desejam que a sua cidade se torne uma espécie de Disneylândia. Nestes
casos, ainda que a muito custo, poder-se-á entender a aplicação deste tributo.
Ainda assim, as taxas não resolveram nenhum problema relacionado com o
“overcrowding”, o que já de si diz bem da utilidade das mesmas…
Só que a grande questão para nós é outra, completamente à
margem. O que é que nós no Algarve temos a ver com o que atrás foi dito? Porque
é que nós temos que ser eternamente uma espécie de “Maria-vai-com-as-outras”? Podemos
nós, porventura, nos compararmos a grandes cidades que têm diferentes fatores
de atratividade económica e social e, como tal, vivem bem sem turistas e não
necessitam claramente desses possíveis exageros? Seremos nós no Algarve uma
espécie de arquipélago ecologicamente sensível, em perigo, que deve evitar e
restringir o turismo? A esse propósito, ainda recentemente observámos como os
municípios apoiaram os contestatários à exploração do petróleo no Algarve,
contestação essa que se aceita perfeitamente por poder, potencialmente, colocar
em causa o atual “status quo” económico e social da região ou de uma parte da
mesma. Assim sendo, que sentido faz declarar “amor ao turismo” para depois se
tomar uma medida que sinaliza exatamente o contrário?
A grande utilidade da taxa turística não é, ao contrário do
que se diz, a da obtenção de verbas para ajudar a sustentabilidade ambiental do
local A ou B. Ou para compensar custos acrescidos por via do aumento do
movimento de pessoas. Nem sequer para grandes eventos culturais dedicados à
época balnear. Veja-se o que Lisboa fez. Investiu em obras de um monumento
nacional, algo que não lhe cabia, pois tal deveria ficar a cargo da administração central. Desviou verbas para o palácio nacional da Ajuda, só para
dar um pequeno exemplo. Para não falar do financiamento da Web Summit. A grande
verdade é que este tipo de atitude já vinha de fora. Na sequência das crises
financeiras, que como todos recordamos, ocorreram na Europa, muitos municípios
aproveitaram para introduzir a taxa turística, a qual serviu para cobrir
défices excessivos como, por exemplo, sucedeu na Croácia. Por conta da
introdução da mesma em Dubrovnik (eis um destino “massacrado”), outras
localidades aproveitaram a boleia e fizeram o mesmo. Infelizmente, os exemplos
de fora são claros: a taxa nunca serviu para melhorar a experiência do turista
ao visitar determinada cidade ou região, mas sim para ajudar a fechar o “gap”
das contas públicas.
É, pois, claro como a
água: sem taxa turística em Lisboa, não teria a mesma sido introduzida no Porto
e não teria sequer sido assunto ou tema de discussão no Algarve.
Ainda que se pudesse aceitar a taxa como apenas “mais uma”
de muitas, teríamos sempre de discutir o problema nuclear e que é o seguinte:
não devemos nunca, mas nunca, no Algarve dar esse péssimo sinal de que achamos
que temos “turismo a mais”. É um erro, sim, logo agora que outros destinos de
sol e praia estão a recuperar e bem. Isto significa que o Algarve terá
seguramente grandes dificuldades em crescer como tem ocorrido nos últimos anos,
situação que já se verificou em 2018 (aguardamos os números finais, mas já há
quedas importantes no turismo britânico, só para dar um exemplo) e que se
poderá evidenciar em 2019. Agora, os grandes operadores turísticos (e não só)
estão claramente a tentar desviar os turistas de Portugal e Espanha para destinos
mais baratos, mais concorrenciais na relação qualidade/preço, situação visível
pelo regresso à ribalta dos destinos Tunísia, Egito ou Turquia (este é
realmente barato para os europeus), isto para não falar da Grécia, da Croácia e
muitos outros exemplos dentro e fora da Europa. Numa hora de incertezas e maior
instabilidade global será legítimo começar a cobrar uma nova taxa exatamente numa
altura em que poderemos ter dificuldades em crescer ou mesmo não crescer? O
Algarve, em 2018, como dissemos, já não terá crescido por aí além em número de
visitantes. Em alguns casos as receitas e os lucros de muitas unidades
hoteleiras já terão até diminuído. Não parece, pois, nada prudente introduzir
esse tipo de tributo. Se os autarcas soubessem como é enervante para os
turistas o pagamento, por exemplo, de portagens como as da A22, certamente
pensariam melhor sobre tudo isto.
Ainda por cima, apesar de, teoricamente, ser o turista a
pagar a taxa, o que se verifica na realidade é algo diferente. Na prática, será
sempre o empresário que a sustenta porque nenhum proprietário de
estabelecimentos de dormidas vai deixar que a mesma inflacione os preços no
atual ambiente de elevada concorrência, sobretudo os de pequenos
estabelecimentos “low cost” (para não falar da burocracia, pois o empresário é
que cobra, mas o município é que beneficia). Se a dormida for de €49,00 por
noite, a mesma passará a ser de €48,00 para que o preço final não passe dos
mesmos quarenta nove euros originais. Em todo o caso, ainda que seja mesmo o
turista a pagar e caso ele tenha uma estadia de 5 noites, serão sempre mais
cinco euros (pelo menos, pode ser mais) a sair da esfera dos privados a favor
do Estado. Há que não esquecer que os municípios também são Estado. Numa época
em que a política oficial do Governo e da maioria que o sustenta é a progressiva
(ainda que lenta) devolução de rendimentos às pessoas (e também às empresas),
fará sentido extrair dos privados mais uns milhões de euros por ano? É uma
contradição! Neste Algarve tão sazonal quaisquer verbas retiradas das mãos dos
empreendedores podem ser prejudiciais ao andamento e desenvolvimento dos
respetivos negócios.
Por outro lado, este tributo levará inevitavelmente a
diversas injustiças, sendo importante dar alguns exemplos para reflexão.
Desde logo, o nome é
bem enganador. Isto não é uma taxa turística, mas sim uma taxa de estadia,
começando logo por ser uma grande injustiça (Veneza é que tem uma verdadeira
taxa turística pois é cobrada pelo ato de visitar a zona histórica). Porque é
que os fornecedores de alojamento é que têm de cobrar estas verbas quando a
presença de turistas beneficia todo o tipo de negócios de uma região como a
nossa? Os turistas não se alojam e desaparecem. Eles usaram transportes para cá
chegarem, na maioria das vezes dois ou três meios de transporte. Também vão a restaurantes
e/ou outros estabelecimentos congéneres. Muitos também consomem diversas
experiências um pouco por todo o lado. Isto significa que a taxa é escusada
pois os turistas já estão a pagar impostos bem pesados através do seu consumo
de bens e serviços. Além do mais, quando um Hotel paga a conta da água está a
pagar aos municípios toda a sorte de serviços inerentes à referida conta, a
qual não existiria se não fossem esses hóspedes. Por outro lado, temos a
questão da definição legal de turista. Sendo apenas as estadias até 30 dias
consideradas “turísticas”, só estas é que vão pagar (até x dias de estadia) a
dita taxa. Um “turista” que passe uma temporada, digamos, 90 dias através de um
serviço de aluguer de média duração já não será considerado turista para este
efeito, apesar de, legalmente, o ser. E se for daqueles cidadãos do Espaço
Schengen que ficam o tempo que querem, ainda mais gritante se torna. Ao mesmo
tempo, quem vai cobrar esta malfadada taxa aos milhares de autocaravanistas que
se encontram no Algarve todos os anos, com destaque para a atual época do frio?
É que estes cidadãos representam milhares de noites de estadia incobráveis, já
que não passam nenhuma noite em alojamentos legalizados. Ou seja, turistas de
baixo valor acrescentado para o destino Algarve são beneficiados pela própria
natureza das circunstâncias. Injusto. Também há que ver a questão do cidadão
residente alojado em unidades hoteleiras. Confuso? Não. Basta pensarmos nas
milhares de dormidas anuais de funcionários públicos ou trabalhadores privados
de fora da região que vêm ao Algarve a trabalho ou por outro motivo não
turístico. Além do Algarvio de Aljezur ou de Alcoutim que vai dormir uma noite
num alojamento em Faro devido a uma consulta matinal de especialidade no hospital
local. Injusto. Finalmente, para não alongar muito os exemplos, que dizer da
fórmula de cobrança? Só vai recolher e entregar a taxa o empresário honesto e
cumpridor que paga tudo só por respirar. Os eternos prevaricadores que já fogem
de outros impostos e taxas (de certeza que ainda existem) também vão conseguir
fugir deste tributo. Duplamente injusto. Em suma, é uma taxa de estadia, não é
paga por todos e acaba por ser paga também por quem não deveria ter de fazê-lo.
Ao mesmo tempo, faz muita confusão pensar que concelhos como Monchique,
Alcoutim ou S. Brás, só para citar alguns, alinham nisto. A sério? Têm estes
concelhos tantas dormidas ao ponto de querer afastar as pessoas? Concelhos
existem nesta região que têm visitantes só em passeio, situação que não
corresponde a nenhuma dormida. Cruel.
Por outro lado, há que desmontar a tese de que se trata só
de “mais um euro ou dois”, algo que não impacta as contas de ninguém. Isso é
como começa… mas não sabemos como acaba. Lisboa é o primeiro exemplo. Ainda
agora introduziu a taxa mas já está a aumentar o seu valor. O mesmo ocorre um
pouco por todo o lado. Tempos houve em que Amesterdão só cobrava uns míseros
euros por dia. Hoje, nos bairros do centro velho da cidade a taxa já subiu para
7% do valor total da dormida. Sim, leu bem, não há engano. Quem quiser pagar
bem menos, vá dormir para alojamentos da periferia. E assim, não se sabe como
estas coisas acabam. Na Nova Zelândia foram ao absurdo: introduziram a taxa
para todos, exceto para os vizinhos Australianos, os quais são dos principais
emissores de turistas. Estranho? É o que acontece quando se abre a caixa de
pandora.
Como se toda esta argumentação não bastasse, vale a pena
refletir tal como fizeram “think tanks” da Malásia, que criticaram abertamente
a taxa mesmo sabendo que se trata de um país pobre cujo Estado necessita de
receitas. Dado que a taxa está a ser “vendida” como algo que vai “compensar” os
efeitos da pressão turística, ela nada mais é do que mais uma “taxa do pecado”.
Para quem não conhece, este conceito até é antigo, tendo surgido a propósito
dos impostos especiais sobre o tabaco, as bebidas alcoólicas, sobre produtos
derivados de petróleo, sobre itens açucarados, para não falar de outros
tributos ambientais, etc… a filosofia é a mesma. Quem peca mais, paga mais.
Neste caso, o “pecaminoso” é o turista que tem de pagar por consumir as nossas
infraestruturas, os nossos recursos, tal como o fumador paga mais por,
garantidamente, exaurir mais recursos dos serviços públicos de Saúde. Ora, como
já vimos, se esse argumento ainda poderá ter alguma validade (duvidosa) em
certos centros urbanos do mundo, nada disso se pode aplicar ao Algarve. Nem no
mais delirante pensamento. Se não forem os turistas a “consumir os nossos
recursos e infraestruturas”, a quem é que eles se destinam? A meia-dúzia de
idosos (somos uma população envelhecida) e uma dúzia de funcionários do Estado?
Poderá haver melhor exemplo do que aquilo que se passa no mês de Janeiro? Um
Algarve semi-moribundo, parado, desesperado à espera de turistas. Uma população
desocupada ou num esquema de emigração de curto prazo. O que seria hoje o
Algarve sem esses “gastadores dos nossos recursos e infraestruturas”? Os
antigos diziam e bem: nunca mordas a mão que te dá de comer!
Poderíamos ir mais além, mas não é necessário, pois outros
já apresentaram diferentes argumentos. Por isto e muito mais, no nosso caso
regional, há que dizer com todas as letras: não à taxa de estadia mascarada de taxa turística no Algarve!
Subscrever:
Mensagens (Atom)