Antes
de entrarmos no assunto de hoje, uma nota prévia para agradecer o carinho com
que este novo espaço foi recebido, com várias mensagens privadas de apoio à sua
continuação. Um abraço a toda a gente. Sobre o assunto em causa no tópico
anterior, uma nota para referir a greve que afetou neste fim de semana a Germanwings / Eurowings e,
por conseguinte, muitos turistas, embora seja feita fora da temporada alta. Não
há acordo, outras greves serão convocadas. Continua a agitação do transporte
aéreo do maior ponto de origem do grande turismo. Novidades virão em Novembro…
vamos acompanhando.
Uma
outra nota para a eleição para Presidente da Câmara de S. Paulo (Prefeito),
logo à 1ª volta de João Doria, Jr., um bom amigo, também um amigo de Portugal,
empresário de sucesso e homem do turismo e da comunicação social. Ganhou, como
diriam os norte-americanos, com um “landslide”, ou seja, sem margem para
discussão. São Paulo vai voltar a ser uma “cidade do mundo”. Ele foi, nos anos
oitenta, Secretário Municipal de Turismo dessa impressionante cidade, tendo
sido também presidente da Paulistur, empresa municipal do setor. A seguir,
durante 2 anos, foi o presidente da Embratur, Instituto Brasileiro de Turismo,
sendo responsável por inúmeras campanhas, inclusive para a recuperação da
imagem do Rio de Janeiro perante o turista internacional. Desejamos o maior
sucesso para o João Doria.
Vamos
lá então ao que temos para hoje: não passam 15 dias sem que venha à baila neste
Portugal dos pequeninos o assunto do momento: o excesso de turistas em Lisboa
e, em menor escala, no Porto. Associado a esse pretenso excesso, o caos nos
lugares públicos, restaurantes, monumentos, etc..etc….
Como é
que é? Agora temos turistas a mais, é isso? Ainda há pouco, lembro-me de
palavras e frases como “crise”, “os turistas gastam pouco, é só miséria”, “não
há turismo de qualidade”, “eles não gastam nada”, só para citar algumas.
Bem,
vamos lá analisar a questão, por outros pontos de vista.
Primeiro,
choveram críticas à “gentrification” de Lisboa. Então vamos lá ver o que é
isso, exatamente. Historicamente, e num sentido mais restrito do termo, a
gentrificação refere-se a um processo no qual os centros urbanos conhecem um
aumento populacional, o qual acaba por se instalar em bairros e zonas mais
baratas, sendo que esse aumento da procura leva a um aumento do valor das
propriedades, o que leva a que muitos do populares moradores dessas zonas, por
não terem rendimentos compatíveis com o aumento do custo de vida nas mesmas,
acabam por abandoná-las. Trata-se de um processo de substituição social, ou
mesmo socioeconómico. Antigos residentes podem ser vítimas do processo, mas,
geralmente, do ponto de vista urbano, os locais em causa, conheceram
desenvolvimento imobiliário, nasceram novos negócios, têm mais “vida” e até
menores taxas de crime. A palavra terá origem na socióloga britânica Ruth
Glass, ao observar as transformações na Londres dos anos sessenta do século
passado. Desse ponto de vista, até Lisboa, nessa época, foi testemunha de um
fenómeno semelhante, embora ainda numa escala muito pequena. Os críticos deste
fenómeno falam muitas vezes da descaracterização humana, económica, ambiental e
cultural a que se assiste nos locais “gentrificados”. Por sua vez, estes
críticos têm sido eles próprios criticados pelo facto de falarem mal só por
fazerem parte do processo, como “vítimas” condenadas ao sub-urbanismo.
Hoje,
já muitos falam deste conceito numa perspetiva mais ampla, mais geral. Neste
caso, diz-se, os locais “gentrificados” podem ser vítimas do próprio sucesso.
Se é verdade que os bairros podem beneficiar a vários níveis, como vimos,
também há o risco de perda da tipicidade própria do local, o risco de caos
ambiental (excesso de ruído, de trânsito), o risco de “overshooting” de certos
negócios, o risco de higienização social, pois só os mais pujantes,
economicamente falando, poderiam beneficiar do local e dos seus emergentes
negócios, relegando todos os outros para a margem.
E
quando se fala deste conceito a propósito do “boom” do turismo (vamos ter em
breve um tópico só sobre esse “boom”, vai ser polémico), ouvimos as coisas mais
absurdas e ao mesmo tempo ouvimos outras simplesmente brilhantes. Mas ouvimos e
lemos também aquilo que não cabe numa discussão séria sobre o fenómeno e que é
especialidade portuguesa: queixas e queixinhas de diversa índole, mostrando o
quanto conseguimos ser tão pouco consensuais quando se trata de assuntos que
afetam e vão afetar ainda mais a sociedade. E é disso que falava no início: não
passam umas semanas sem que se ouça ou se leia “surriadas” de queixas e
queixinhas nesse grande muro de lamentações que é a Net, a exemplo do que se
passa nos “media” tradicionais.
Para
nós, o interessante é que esse debate não se deu a propósito das migrações
internas ou imigrações várias, mas sim a propósito do espantoso aumento do turismo
e do turismo residencial. Mais interessante é que esse debate só ocorre por se
tratar de Lisboa (e agora do Porto), quando este fenómeno, visto desse mesmo
ponto de vista já ocorria no litoral algarvio e, diga-se, há muitos anos. Só
que, tratando-se do Algarve, ninguém falou em “gentrification”, ao contrário,
falava-se de “colonização inglesa” ou “isto é só bifes”. Ou “isto é um paraíso
para camones”, etc…etc… e tal.
Muito
bem, um dos textos mais interessantes sobre esse assunto bem caro aos
lisboetas, surgiu em Junho no blog “Buala”, assinado por Ana Bigotte Vieira, Catarina
Botelho, Joana Braga, António Brito Guterres, Leonor Duarte, Luísa Gago e Luís
Mendes, artigo que convido a ler aqui:http://www.buala.org/pt/cidade/quem-vai-poder-morar-em-lisboa
Apesar
de muito interessante, tem demasiadas das ditas “queixinhas”, lamentando-se a
falta de políticas públicas e sugerindo até uma solução a la Barcelona, isto é,
parar para pensar, suspender licenças, revogar legislação com o objetivo de
“regular” algumas atividades que fervilham devido ao aumento significativo da
atividade turística. O diagnóstico destes cidadãos mostra o lamento de um
fenómeno de “gentrification” clássico. Devo dizer que a explosão do turismo
apenas acelerou o processo que seria inevitável, embora mais lento. Não vale a
pena entrar em queixas e lamentações. Com ou sem “boom” de turismo, podem crer,
o fenómeno ocorreria, mas de uma forma tão mais lenta (ordenada?), que nem
daria azo a grandes debates. A procura e os preços seriam sempre mais elevados
ao longo do tempo e tornar-se-iam incomportáveis para os moradores “clássicos”
dos mesmos bairros. Porquê?
Porque
estamos num mercado global. Estamos, até ver, no espaço Schengen com enorme
circulação de pessoas e capitais. Por um princípio de “arbitragem” de mercado,
porque se o cidadão observa que Lisboa é mais barato do que Madrid ou Roma, vem
para Lisboa, sendo a procura elevada até que os preços fiquem a níveis
semelhantes. Isto vale para a compra de imóvel como vale para um quarto de
Hotel. Os agentes económicos (nós todos) vivem em função da procura e da
oferta. Estes fenómenos não podem ser apontados, na base, ao turismo e aos
turistas. Devemos, sim, apontar o dedo à falta de políticas sérias de urbanismo
e habitação. Ou não?
Como
foi possível manter por meio século o “salazarengo” congelamento das rendas,
uma das maiores distorções do mercado de que há memória neste país, que nem no
PREC se viu?
E
quando se fez a Expo-98 alguém se lembrou do problema da habitação no concelho?
As novas habitações, na época, eram a pensar no turismo? A especulação
imobiliária da época era a pensar nos turistas? Alguém protegeu a necessidade
de habitação para os cidadãos que vivem e/ou trabalham na capital?
E a
propósito do paralelo com outras cidades… que paralelo é esse? Cada cidade tem
raízes muito próprias, não é uma grande ideia fazer certas comparações, porque
as realidades históricas, sociais, culturais, económicas têm origens muito
diferentes entre si.
Este
artigo centra-se muito na “limitação” que poderia ser feita. Regular, regular,
legislar, impedir. Isso não é correto. Porque é que um pai com um filho
desempregado não pode abrir um alojamento local para que o filho possa
trabalhar por conta própria? Pior ainda: se o vizinho de cima já fez isso,
porque é que o vizinho de baixo não poderia fazer também? Em nome de que
regulação? Nem sei se isso não seria um atentado à Constituição! Em nome de que
moral ou ética se poderia assistir a estas diferenças? Faz sentido o vizinho de
cima viver com dignidade enquanto o vizinho de baixo fica condenado a
“estágios” do Centro de emprego? Sendo humilhado na sua vida? É isso que
resolve algum problema? Outra coisa completamente diferente é a redução dos
horários de estabelecimentos noturnos, como sucedeu no Bairro Alto. Isso
salvaguarda um direito humano. Curiosamente, ao longo de anos, certos locais da
cidade eram alvos de abuso. Antes ainda de chegar o turismo de massas. Pois é…
Aliás,
tenham cuidado com aquilo que desejam, pois o universo pode se conjugar para a
sua realização. Esta é a propósito do dito aumento bombástico do turismo. E se
a tendência se invertesse, nem que fosse por uns dois ou três anos? Voltaríamos
a falar de crise?
E se,
ao contrário, o turismo continuar na senda atual? Vamos colocar restrições de
vária índole? Então não se recordam das famosas “restrições quantitativas” nas
Baleares. Era gente a mais nas ilhas, dizia-se. Resultado: o turismo alemão
caiu a pique e os responsáveis regionais do turismo acabaram de joelhos na
Alemanha a pedir aos operadores que voltassem em força. Enfim, histórias
antigas mas sempre atuais. Hoje, já foi feito um debate, onde se chegou a um
número de referência inicial sobre a capacidade de carga nessas ilhas do
Mediterrâneo. Mais vale projetar o futuro tarde do que nunca.
Por
isso gostamos da abordagem do texto do prof. João Seixas da Nova de Lisboa.
Embora nem todas as suas dez teses sobre o centro histórico de Lisboa mereçam a
nossa absoluta concordância, longe disso, penso que deve ser visto: https://www.publico.pt/local/noticia/dez-teses-sobre-o-centro-historico-de-lisboa-1740575
Pelo
menos, é uma tentativa estruturada de abordar o assunto e, cremos, um ponto de
partida para um debate mais amplo. Debate, aliás, que terá de ser feito
urgentemente, mas sem “parti pris” e envolvendo à partida todos os interessados
no assunto, sem perdas de tempo com lamentações sobre o que não se fez no
passado e quem são os culpados das omissões. Em vez disso, deverá ser feito um
ponto de situação sério com projeções para o futuro. Neste texto do Público, já
há uma consciência clara do que é hoje uma cidade e o desenvolvimento urbano.
Do facto de que os turistas não se importam de estar rodeados de outros
turistas. E do facto de turismo, hoje, ser sinónimo de experiências. O que o
autor chama de “consumo emocional”, chamamos nós em Hotelaria de
“experiências”. Mas o resultado final é o mesmo. Apesar de vivermos no mundo
das tais “viagens já viajadas” (obrigado, profª Catarina Varão, lá atrás na
formação da Ualg em 2010), as pessoas querem ver, ouvir, cheirar, saborear,
sentir o mundo. A isso se chama “viver”, que ainda é a maior “rede social” que
conhecemos.
Finalmente,
o texto volta a alertar para fenómenos a que já nos referimos, de uma forma ou
de outra, caracterizadores de “gentrification”, já identificados e bem
conhecidos. Há ainda uma tentativa de lançar raízes para um debate, o qual,
repito, já peca por ser tardio. Cabe acrescentar que a lógica lusitana de
debater os assuntos não é compatível com um mundo moderno e rápida
transformação. Urge rapidez e assertividade.
Queremos
dizer com isto que há a mania de discutir, discutir os temas, promover
reflexões intermináveis onde pouco de útil se consegue extrair e quando
finalmente se consegue desenvolver um consenso para pôr em prática a resolução
de um assunto, já é tarde de mais: os pressupostos que levaram à reflexão, ao
debate, quiçá ao “happy ending” de certa questão, transformam-se, modificam-se
ao ponto de tornar obsoleta a resolução consensual (ou não) do problema. Na
história de Portugal não faltam exemplos. Na praxis política contemporânea sobejam exemplos. Culpados? Nós, a
sociedade que somos. Não existem “outros” culpados.
Por
isso é que é necessário estar à frente e começar onde os outros param.
Desde
logo uma questão: se os turistas já são muitos hoje e as consequências estão à
vista, o que acontecerá quando o número for o dobro do atual?
Sim,
basta um crescimento anual do número de turistas na ordem de 3,52% nos próximos
vinte anos para se atingir o dobro dos atuais.
Repetimos:
basta um crescimento anual do número de turistas na ordem de 3,52% nos próximos
vinte anos para se atingir o dobro dos atuais. E a verdade é que isso é
teoricamente possível.
Claro
que o crescimento nunca é constante. Ainda somos do tempo do famoso Congresso
da WTTC em Vilamoura lá nos idos de 1997 (ou 1998?) em que se preconizavam
crescimentos anuais de movimento de turistas da ordem dos 10 a 15% ao ano. Na
pior hipótese, dizia-se, mais de 5% ao ano. Claro que eram tempos de euforia.
As economias desenvolvidas estavam em forte crescimento. Era o paradigma da
Nova Economia, a euforia do pós-guerra fria, a revolução das comunicações e da
Internet. A erupção dos voos baratos, o desenvolvimento das sociedades
emergentes. Tudo se discutia ao mesmo tempo. Os “gurus” acreditavam mesmo no
fim da história e num crescimento sem limites. Com isso, o turismo global seria
dos principais beneficiários. Seguramente iria explodir em alta.
Claro
que a história não segue uma linha reta. Nos últimos vinte anos vimos os
eventos mais inesperados, assistimos a uma brutal crise financeira (grande
recessão) e a outras recessões (duas a três conforme o local) que a todos
afetaram. Vimos guerras regionais e crises locais. Assistimos ao nascimento de
novos problemas. Acontece que nos vinte anos anteriores mais ou menos o mesmo
já havia ocorrido. Alguém tem dúvidas que nos próximos vinte anos vamos
assistir a crises e recessões? A novas guerras e revoluções? Nós não temos.
Mas,
tal como os eventos negativos não impediram o desenvolvimento e o crescimento
global do turismo (não é um ou dois anos de crise que mudam o cenário) em
nenhum momento, continuamos a acreditar que a humanidade vai prevalecer. Vai
ser ainda mais forte e mais desenvolvida. A população mundial continuará a
crescer em número e em rendimento disponível. Hoje, há mais milhões e milhões
de seres humanos que viajam, em comparação com esses tempos. Salvo algum
apocalipse planetário, temos todas as razões para acreditar que daqui a vinte
anos teremos muitos outros milhões a viajar. Teremos novas e melhores formas de
comunicação. Maior eficiência energética nos meios de transporte. Mais e melhor
acesso a todos os lugares. É verdade que nem todos os seres humanos beneficiam
do progresso, o que é lamentável. Mas também é verdade que aumenta o número dos
que veem a qualidade de vida melhorar. E o turismo é parte integrante dessa
história.
Portanto,
como é que se faz? Que reação perante a possibilidade do dobro dos turistas em
Lisboa, no Porto, em todo o lado? Ainda por cima num curto espaço de tempo!!
Vinte, trinta anos. É muito tempo, mas também pode ser pouco perante a inércia
e a incapacidade de reação, de adaptação a essa realidade.
E
então? E se crescer mesmo 3,52% ao ano? Que fazer perante as consequências
práticas?
E não
vale a pena sermos nostálgicos do tempo em que não havia filas nos pastéis de
Belém. Esses tempos ficam só na memória de quem os viveu. Lisboa não pode
debater estes temas no pressuposto da “legislação”, da “restrição”. Na prática,
isso não dá em nada. Barcelona não parou de crescer no turismo, Lisboa não vai
parar também. E ainda por cima, hoje já não é aquela cidade florida e tranquila
dos tempos da publicidade da gloriosa TWA. Hoje é uma capital do espaço
europeu, enfim, uma cidade do mundo. Vamos ter nos próximos dias um exemplo
“que vem do futuro”. Milhares de participantes na Web Summit. Isto é só um
exemplo do que pode ser a capital. Preparem-se para o que der e vier.
Por
outro lado valerá a pena ser nostálgico? Isto a propósito da perda daquilo que
era típico, tradicional: é claro que todos têm saudades dos tempos em que o
peixe fresco sabia a peixe fresco. Do galo caseiro e dos torresmos da “morte do
porco”. De tantas coisas. Mas será que existe mesmo algo típico?
Continuando
no exemplo da gastronomia: muitos pratos típicos levam batatas, quando há
centenas de anos seriam confecionados com castanhas. Hoje, um berbigão ou uma
conquilha são quase luxo, outrora seriam “restos” para dar aos indigentes e
aos escravos. E não é só por cá. Querem comida típica Italiana em locais turísticos de Itália?
Não há assim tanto. É mais fácil ir a um Restaurante Italiano nas
Américas, explorado por uma família imigrada no século XIX.
Na
verdade, teremos mais do mesmo no futuro. O conceito de típico, de tradicional,
mudará com o tempo, consoante os moradores das localidades. Isso também é parte
da “gentrification”. Mas também da globalização. Em Hotelaria, preferimos
chamar a isso “fusão”.
Depois
há a cultura de descriminação: quer dizer, se uma cidade estiver inundada de
Restaurantes de conhecidas cadeias norte-americanas, tudo bem, mas se estiver
inundada de “pizzerias” e “kebabs”, tudo mal?
Se um
inglês abre um bar com pequeno-almoço da sua terra, tudo bem, se um alemão abre
uma padaria à moda da sua aldeia com pão escuro, tudo bem, mas se um Cambodjano
abrir uma casa com “comida estranha”, tudo mal?
Não
se pode combater o futuro. O típico somos nós que o fazemos, tem a ver com
adaptação e evolução. O tradicional de hoje será outra coisa amanhã.
O
turista sabe isso muito bem. Quando viaja, ele não somente sabe que vai
encontrar outros turistas, como também sabe que vai encontrar diversidades. E
isso faz parte da cultura das experiências.
Outra
questão: e se daqui a vinte anos Lisboa atingir mesmo o dobro dos turistas?
Como vai ser a questão do Aeroporto? Como sempre, a solução é a manta de
retalhos: Portela +1.
Chegaram
à conclusão, mão não o admitem, que o novo e grandioso Aeroporto de Lisboa
deveria ser o que estava projetado antes. Esse, sim, era um projeto a pensar no longo
prazo. Tecnicamente excelente, segundo os especialistas. Esse é que deveria ter
sido o verdadeiro Aeroporto Humberto Delgado. Não avançando a obra, temos de
ficar pela mediocridade do Portela+1. Adiar o inevitável por mais alguns anos. Com um Aeroporto de enormes dimensões,
poderíamos ambicionar a crescer mais, não só na Grande Lisboa, mas noutras
regiões adjacentes. Um eixo Europa-África-América. Mais aviões de linha e “low-cost”.
Mais transporte de carga. Acesso aos “super-jumbos”.
Quem
sabe se a questão do transporte aéreo não se vai tornar ainda um problema que
impeça o crescimento numérico dos turistas em Lisboa e na maior parte do país?
Talvez ainda Beja venha a ser útil. Muitas questões a debater, mas sempre com
uma nova mentalidade sob pena de continuarmos no futuro a triste história do
passado.
Terminando:
não há que ter medo da afluência do turismo, nas suas vertentes. Só dá medo se
não souberem dar as mãos para resolverem os problemas atuais e futuros. Se não
souberem deixar para trás condicionalismos mentais e preconceitos ideológicos.
Nunca é tarde para mudar. Sobretudo quem tem tanto para fazer.
De
resto, senhoras e senhores, parece-nos que em matéria de Turismo ainda não viram nada…