Ora viva. Tínhamos prometido aos amigos do nosso blogue
informações quentes sobre a aviação alemã (e europeia em geral) para meados de
Novembro. Demorou um pouco mais, mas valeu a pena esperar. Antes, porém, uma
nota importante.
Enquanto a Ryanair não nos brinda com passagens aéreas
grátis (daqui a uns anos sim, mas alguém acredita em almoços grátis?), algo que
nos faz rir, temos uma preocupante e prolongada greve dos pilotos da Lufthansa,
que nos faz chorar. Só não é mais grave porque já começou o inverno IATA e o
turismo das nossas zonas principais já não é tão afetado. A empresa “filha”
Eurowings já tinha passado por uma onda grevista, agora é a empresa “mãe”. Os
pilotos pararam até sábado, deram uma trégua ontem e hoje, sendo que está
prevista a retoma da greve amanhã para alguns voos e depois de amanhã para
todos, incluindo os de longo curso. Até ao momento mais de dois mil e
setecentos voos foram cancelados afetando mais de 300.000 passageiros – isto
são números provisórios. Os pilotos querem até 22% de aumentos salariais,
alegando que a empresa tem apresentado lucros nos últimos anos ao mesmo tempo
que a massa salarial real não sobe desde 2012. Dizemos nós: mais um exemplo do
que pode suceder, em termos de recursos humanos, em toda e qualquer área ligada
ao turismo.
Já agora, recorde-se que quem for passageiro afetado tem direitos
consagrados: remarcação da viagem na mesma ou noutra companhia aérea, pernoita
ou “transfer” a ser providenciado pela companhia, ou em caso de atraso superior
a 3 horas um “voucher” para alimentação de no mínimo 10 euros por pessoa e,
entre outras situações, o direito a telefonar 2 vezes, ou mandar 2 faxes ou 2
e-mails para a família ou amigos. Em caso de caos num Aeroporto não é fácil fazer
exercer estes direitos, razão pela qual muitos passageiros preferem cancelar a
viagem perante um anúncio de greve. Um assunto que merece permanente atenção.
Muito bem: aquele capítulo relativo à Air Berlim (recorde-se
o que escrevemos antes neste espaço) parece finalmente pronto a ser encerrado.
Confirma-se a previsão feita por fontes bem colocadas a que este blogue teve acesso.
Previa-se algum tipo de negócio que envolvesse a Etihad, lembre-se, a companhia
de bandeira do Abu Dhabi. Confirmou-se agora essa situação.
Vai-se manter a divisão da frota original da AB. A Eurowings
(grupo Lufthansa) fica com as aeronaves previstas, tornando-se a 3ª maior “low
cost” europeia. O resto dá azo a uma “joint-venture” muito importante entre o
que resta da AB, através da subsidiária Niki, a Tuifly e a própria Etihad,
criando-se assim uma nova realidade na aviação orientada para as viagens de
férias. Tudo isto foi aprovado pela Administração do Tui Group em Hannover. A
sede desta nova realidade empresarial será em Viena, a rede vai incluir
partidas de e para o triângulo Alemanha, Suíça e Áustria. Apesar de deter
apenas 25% desta “joint-venture”, a Etihad será líder operacional da mesma.
Assim, um capítulo triste parece ter sido resolvido com
vantagens mútuas. Para os destinos de sol e praia, esta parece ser uma novidade
muito positiva já para os próximos tempos. Acreditamos que podemos crescer nos
importantes mercados desse triângulo. Vale a pena recordar que, no Algarve,
perdemos turistas da Suíça e da Áustria por falta de voos a preços
competitivos. Nem todos querem passar por várias escalas ou viagens de comboio
com o objetivo de ir de férias. As pessoas, hoje, querem soluções rápidas,
eficazes e baratas para viajar, para obter alojamento, etc…
Por outro lado, a Etihad, que detém 49% da Alitalia,
fartou-se dos prejuízos desta companhia clássica de bandeira. Vai impor uma
reestruturação da empresa, corte nas rotas deficitárias e despedimento de mais
de dois mil trabalhadores. Em 2014 – quando se deu o investimento inicial –
havia a promessa de tornar a companhia lucrativa a partir de 2017. Não está a
resultar. A Alitalia já foi a desgraça da aviação europeia, nos tempos em que
perdia meio milhão de euros por dia. Não há Estado ou privado que aguente tais
contas. A ver vamos se a TAP não segue este exemplo. Há indicações de que vamos
evitar esse tipo de humilhação. A ver vamos.
Boas notícias para nós que queremos mais e melhor turismo
vêm da Easyjet. Deve fechar o ano com mais de 500 milhões em lucros e vai
reforçar as suas operações. Uma novidade interessante para o Algarve e para o
Porto (principalmente) é o reforço das operações em França, com mais bases e
mais aeronaves. Recorde-se que durante muito tempo quase não havia “low-cost” a
partir de França (exceto Paris) para o Algarve. Várias companhias voam agora
para Faro, sendo que a Easyjet teve um papel muito importante para ampliar o
mercado francês. Acreditamos que isso é mais um sinal positivo para os próximos
tempos. Na verdade, uma certeza positiva.
Também aguardamos novidades da Transavia, participada da Air
France-KLM, que deverá reagir a estas movimentações em breve. Mais uma
companhia que voa para Faro. Irá reforçar?
Para terminar: enquanto tudo isto se passa não podemos
deixar de refletir sobre o aumento de voos e passageiros para o nosso país,
ainda que se mantenha a sazonalidade do passado, cujos efeitos são atenuados
pelo aumento de turistas nos meses mais apetecíveis. Isso implica um aumento da
capacidade aeroportuária. Porto e Faro aguentam ainda aumentos significativos
de movimentos, Lisboa nem por isso. Quando a capacidade se esgotar, vai
aparecer o tal “mais um”. Segundo um especialista nos confidenciou, isso está na
calha, mas há gente desconfiada: a nível operacional, Portela + Montijo coloca
grandes dificuldades, incluindo a coordenação do espaço aéreo na zona de ambos
os Aeroportos.
Sejamos otimistas se possivel for!
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