Agora que o primeiro quadrimestre do ano está a chegar ao
fim, começa a ficar claro que o ano turístico nacional poderá ser de
crescimento maior do que o previsto. Não há dúvida que a grande “explosão de
2016” ocorreu com maior força a partir do 2º trimestre do ano, sendo que o
crescimento se estendeu até ao último trimestre. O 1º trimestre de 2017 denota
a continuação da tendência do ano anterior. Tudo leva a crer que haverá
crescimento neste segundo trimestre, mesmo em comparação com o período homólogo
do ano passado. A grande incógnita será o 3º trimestre (o tal que inclui o mês
de Agosto) em comparação também com o período homólogo anterior. Não porque se
registe qualquer quebra de reservas, antes pelo contrário, mas sobretudo porque
poderão ser postas à prova realidades como o “pricing power” (aumento dos
preços e gasto médio geral por turista), a capacidade de carga (como as cidades
vão se adaptar ao aumento de unidades de alojamento, de similares de hotelaria,
de serviços conexos e… de pessoas) ou mesmo a capacidade dos aeroportos
nacionais em gerir o aumento dos voos e de passageiros em épocas de “peak
season”. Sendo o terceiro trimestre (sempre com a sombra do mês de Agosto)
fundamental para as contas finais de qualquer ano, melhor ou pior, teremos de
esperar pelas estatísticas do dito trimestre para aferir sobre a capacidade de
melhorar receitas e geração de lucros após impostos.
Como já foi dito neste vosso humilde espaço, é
verdadeiramente positivo ter aumentos de turistas e, se possível, gasto médio
por pessoa, na ordem de 8 – 12% ao ano no período de Novembro a Fevereiro. Ou,
se quisermos ser mais otimistas, de Outubro a Maio. Isso já é uma grande
vitória, ao atenuar efeitos sazonais perturbadores ao ponto de levarem ao
encerramento sazonal de muitas unidades hoteleiras de diferentes categorias. Na
verdade, após dois a três anos de forte crescimento nesses meses, já seria
excelente a possibilidade de manutenção a esses níveis, se não for possível
crescer mais.
A grande questão prende-se sempre com a realidade Junho –
Setembro. Esses quatro meses são fundamentais para a estratégia comercial das
unidades. Que não fiquem dúvidas, isto é válido não só para destinos de sol e
praia, mas também para qualquer outro tipo de destino em Portugal e na maioria
dos países europeus. Isto não é válido para destinos de montanha e neve,
obviamente. A maioria dos cidadãos do hemisfério norte viajam entre Abril e
Outubro, com destaque para trabalhadores no ativo, os quais têm, em média,
maior poder de compra e propensão para consumir o “produto” turismo com todas
as suas derivações. Por isso é que estamos ansiosos para ver o que se vai
realmente passar nos próximos meses de Junho a Setembro, com destaque para
Agosto. A capacidade de gerar maior volume de negócios nesses meses poderá
dizer muito sobre aquilo que deverá ser a estratégia de curto prazo, leia-se,
para os anos 2018-2020.
A propósito destes anos de crescimento global do turismo,
com origem em meados de 2015, temos visto neste blogue como certos destinos de
sucesso sofrem muito devido a fenómenos da esfera geopolítica, com destaque
para a recorrência de incidentes de crime e terror. Não é, assim, motivo de
admiração que a indústria hoteleira atualize constantemente os “rankings” de
países e territórios considerados seguros para viagens e turismo.
Assim, vamos ver um pouco do “ranking” de segurança do “Travel and Tourism Competitiveness Report
2017”:
1. Finlândia
2. Emiratos Árabes Unidos
3. Islândia
4. Oman
5. Hong Kong
6. Singapura
7. Noruega
8. Suíça
9. Ruanda
10. Qatar
11. Portugal
12. Luxemburgo
2. Emiratos Árabes Unidos
3. Islândia
4. Oman
5. Hong Kong
6. Singapura
7. Noruega
8. Suíça
9. Ruanda
10. Qatar
11. Portugal
12. Luxemburgo
Se está admirado com os resultados, não fique. A Finlândia é
um sossego, tal como a Islândia e a Noruega. A Suécia já não aparece no topo,
devido à perceção em relação aos refugiados do médio oriente. Os EAU, o Omã e o
Qatar têm esquemas de segurança tais que nem os maiores fanáticos se atrevem a
desenvolver ataques. Até ver. Hong Kong e Singapura são hoje locais muito
seguros. O Ruanda é uma surpresa para muitos devido aos eventos da década de
noventa do século passado. Recordamos aqui que este destino era uma das
certezas para os próximos tempos num artigo deste blogue. O facto de ter vivido à época essa sangrenta
guerra civil não significa mais nada hoje. É um exemplo para os países que
vivem hoje tempos difíceis. As coisas podem sempre melhorar. Portugal está num
honroso 11º lugar e, cremos, ainda vai subir mais nesta tabela. Eis mais uma
das muitas razões que contribuem para o sucesso do nosso turismo. Esperemos que
isto nunca mude. Por exemplo, a Alemanha não passa do 51º lugar nesta tabela.
Como foi isso possível? A resposta já todos sabem…
Uma nota final para uma consequência prática daquele
vergonhoso episódio a bordo do voo da United, onde o pobre passageiro foi
arrastado como um criminoso, para dar lugar, devido a “overbooking”,
imagine-se, a um membro da “cabin crew” da companhia. Como todo e qualquer
pedido de desculpa, num caso desta natureza, é inútil para “limpar” a imagem da
companhia aérea, toda e qualquer campanha publicitária é ineficaz, decidiu a UA
fazer mega-descontos em voos dos EUA para a Europa. Só para dar um exemplo, dos
EUA (vários aeroportos) a Paris pode ser tão barato como 390 euros, ida e
volta. Dado que a concorrência não vai ficar parada, podemos ter aqui na Europa
(meses de verão) um acréscimo de turistas norte-americanos. Curioso como uma
péssima situação individual se pode transformar sem querer num benefício para
outros.