quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Resultados e tendências positivas

Apesar de nos encontrarmos na época baixa ou superbaixa, sinal de férias para muitos hoteleiros que vão esperando pelas férias dos futuros hóspedes / clientes, há sempre novidades importantes que merecem partilha.

Em primeiro lugar, registe-se a deceção de vários colegas envolvidos no “travel market” com os mercados de inverno em destinos de sol e praia. Há quem nunca tenha tido ilusões. O “boom” do turismo não se aplica à época baixa, quando a apetência para viajar para certos destinos é também ela baixa ou quase nula. Ou não haveria época baixa. Os meios de transporte escasseiam no inverno (leia-se LCC com menos rotas) e as condições meteorológicas levam ao desânimo, seja pelas dificuldades nos aeroportos, seja pelas condições no destino. A Europa é o que é. Mesmo assim, ainda que haja um aumento de turistas na época baixa, a base de comparação é tão baixa que qualquer aumento é pouco percetível como tal. Existem, ainda assim, mercados mais ou menos tradicionais de inverno, que vão fazendo o seu caminho. Um dos casos a nunca esquecer é exatamente o do Golfe. Apesar dos investimentos (miopia de capital) desenquadrados da realidade, como se o Golfe fosse o eldorado do inverno, como se a concorrência entre campos e resorts não tivesse provocado a compressão de preços, como se o Dubai, entre outros destinos, nunca tivessem visto a luz do dia, dificultando ainda mais a política de vendas, apesar de tantas dificuldades, o Golfe é sempre um segmento a ter em conta, mais ainda no inverno que oferece poucas alternativas fora das realidades das grandes cidades e espaços históricos.

Outro setor que cai no esquecimento (se é que alguma vez de lá saiu) é aquele que é para muitos o patinho feio do Turismo: o Caravanismo. Quem andar a passear neste inverno frio por este Algarve repara seguramente na quantidade impressionante de autocaravanas em tudo o que é parque, homologado ou não. Cada vez são mais viaturas. Isto é mais do que uma viagem, isto é um estilo de vida. Claro que isto não é interessante para as unidades de alojamento. É bom para supermercados, sobretudo os que oferecem um posto de combustível. Porém, com a promoção certa, é possível gerar algum benefício de inverno para restaurantes, cafés e bares. Há que estar atento e à frente das tendências. Só para dar uma ideia desta moda, a feira de Caravanismo de Estugarda teve 70 mil visitantes nos primeiros três dias. Foi já este mês, tendo-se concluído que é mais uma frente em que se batem todos os recordes.

Apesar de todos os receios, ataques terroristas e demais contrariedades, as viagens internacionais para países estrangeiros voltaram a aumentar em 2016 segundo números provisórios da UNTWO (organização para o turismo das Nações Unidas). A subida em relação ao ano anterior (já havia sido ano recorde) terá sido de 3,9%. Cerca de mil duzentos e trinta milhões de seres humanos de todo o Planeta viajaram ao estrangeiro. Quase 20% da população mundial. Um sucesso já explicado neste blog. O nosso “target” continua a ser os mil e quinhentos milhões a breve prazo. Se tudo correr bem, tal deverá ocorrer antes de 2025. Vale a pena recordar que estes números significam o dobro dos números de 1990 – foram precisos 25 anos para duplicar o número de viajantes para o estrangeiro. Devido a uma série de fatores relacionados com a expansão económica, não cremos que haja outra duplicação em 25 anos. Porém, não será impossível chegarmos aos dois mil milhões num espaço de duas décadas ou algo assim.
São estes números que nos trazem otimismo. Em 2017 espera-se ainda uma expansão a nível mundial entre 2 a 4% - só as reservas online de viagens deverão crescer cerca de 5% segundo a média de alguns estudos mais conservadores. Podemos adiantar que certas unidades hoteleiras da Península Ibérica estão já em Janeiro com impressionantes níveis de reservas para períodos como a Páscoa ou os feriados de Junho (datas próximas em Portugal e Espanha), incluindo unidades com ocupações já acima dos 95%.
Mas se o mundo online cada vez mais tem maiores quotas de mercado, o mundo offline reage. Na verdade, a grande reação dos operadores que sobreviveram às mudanças foram precisamente os que aceitaram e adotaram as ditas evoluções. Hoje falamos de um operador norte-americano, a Tourico Holidays, que anunciou há poucos dias a sua “global hotel trends report for 2017”. Surpresa das surpresas, temos um estudo feito em 4.500 destinos, relativo a 80 mil propriedades turísticas.
Maior surpresa: os primeiros dados de 2017 mostram um aumento global de 28,7% (?) no número de reservas. Turistas dos EUA e da União Europeia aumentaram as reservas em cerca de 28% em relação ao ano anterior. Um espanto, tendo em atenção os números recorde do ano anterior. Mais do que um “boom”, isto é a confirmação do turismo como grande motor de crescimento da economia global. Nos próximos anos teremos seguramente uma recessão como muitas ao longo da história. Mas o importante aqui é salientar a tendência de longo prazo. Continuamos a acreditar em crescimento de visitantes e de receitas para 2017 também em Portugal, embora isso não se manifeste no 1º trimestre do ano, até porque, desta vez, o calendário da Páscoa cai só em Abril. A grande força deve-se manifestar nos segundo e terceiro trimestre, podendo se expandir ainda para parte do último trimestre.
Dois países que não estão a crescer (considerando o total do território) neste setor: Reino Unido e França, por razões distintas. Porém, como países emissores, continuam a crescer, sendo a Península Ibérica uma zona amplamente beneficiada. Se juntarmos a isto mercados emissores como o Benelux e a zona germanófila, temos uma excelente base de clientes e uma rampa para manter o crescimento atual.

E o nosso “amigo” O`Leary, CEO da Ryanair, a famosa LCC que já se tornou a maior companhia aérea europeia, destronando a Lufthansa, veio dizer agora que o acordo entre a gigante alemã e a semifalida Air Berlin não passa de uma anedota. Irritado pela proibição de compra (em 2011) da rival Air Lingus, devido à possível cartelização, vem agora anunciar que vai falar com as autoridades da UE sobre o negócio alemão. No mínimo, vai agitar as águas. Vale lembrar que a “Ryan” transportou 117 milhões de passageiros em 2016, aumento de 15%. Entretanto, a Lufthansa não dorme em serviço, consolida a marca Eurowings para esse combate “low-cost”. Agora, vamos ter bilhetes múltiplos de dez viagens. Qualquer turista que conhece o “metro” de Paris ou o “tram” de Amesterdão sabe bem como funciona: compra-se um rolo de dez bilhetes para efetuar precisamente dez viagens com desconto. Agora vem a Eurowings com esse sistema, que deve ser inédito em termos de aviação comercial. Seja como for, é mais uma ideia, um incentivo para ajudar ao aumento das viagens e turismo.


Para terminar por hoje, números do Eurostat agora revelados sobre o turismo na União Europeia em 2016. Embora sejam valores provisórios, o número de dormidas em hotelaria no território da União atingiu quase 2 mil oitocentos e cinquenta milhões, subida de 2%. Confirmam-se as quedas de dormidas referidas acima em França e Reino Unido. Ainda assim, os destinos favoritos da EU continuam sendo Espanha, França, Itália e Alemanha (já havíamos referido estas situações no tópico sobre o “boom”). Os números finais virão depois, mas isso pouco importa. Já sabemos que o balanço é positivo. O que vale é a continuação do crescimento para os próximos tempos. Nesse particular, como vimos, as perspetivas continuam positivas.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Entre perdas e ganhos...

Para começar o texto de hoje, uma perda comum nos tempos que correm: o operador britânico de viagens e cruzeiros All Leisure Group deu o estoiro. Há muito que procurava compradores para os seus negócios de cruzeiros mas ninguém foi a jogo. Tinha em carteira milhares de reservas que serão agora canceladas. É provável que mais notícias do género surjam na imprensa em 2017.

Agora um ganho: a Lufthansa vai contratar cerca de três mil novos funcionários, principalmente para a companhia mãe, mas também para a “filha” Eurowings. Este grupo emprega 120.000 funcionários em todo o mundo e está muito confiante para 2017 apesar de alguns problemas. Já em Janeiro podem voltar as greves. Aliás, também a British Airways deverá ter greves no pessoal de cabine, dias 10 e 11 de Janeiro.
Por falar em companhias aéreas: a mencionada companhia Alemã é considerada a 12ª mais segura do mundo, atrás da “nossa” TAP que é a 10ª mais segura. Estar no “top 10” é uma maravilha. Vale lembrar que o último voo realmente “maldito” da TAP foi há já 40 anos aproximadamente. O triste acidente na ilha da Madeira. Mais uma prova que o Oriente hoje dá cartas também na aviação comercial é o “top 3” desta lista (abaixo), que é compilada pela Jacdec, organização que monitoriza acidentes e incidentes deste importante setor:
3º - Eva Air (Taiwan)
2º - Emirates (Dubai)
1º - Cathay Pacific (Hong Kong)

Falando ainda em ganhos: não é só o Algarve que fecha o ano com fortes ganhos no Turismo. Já há números finais do turismo na Tailândia, outro mercado maduro, que fechou 2016 com ganhos de quase 9% no número de estrangeiros que visitaram o país - aqui vale lembrar que o mercado Chinês naquele país cresceu 12%, o que prova que as novas gerações de turistas asiáticos também vão para destinos “quentes”, sendo aquele um caso de um “mix” de cultura e tradições com sol e praia, entre outros pontos fortes.
E agora perdas terríveis: não podia deixar de ser a Turquia. Em 2016, como sabemos, perde um terço dos visitantes estrangeiros. A esperança de uma recuperação, ainda que ténue, para 2017 morreu junto com as dezenas de vítimas do atentado de Ano Novo. Para piorar as coisas, dois dos turistas mortos vinham da Alemanha, algo que afeta negativamente o grande emissor de turistas para aquele país. É uma situação terrível, sobretudo quando belíssimos hotéis estão a baixar preços, operadores fazem ofertas baratas como há muito não se via, sem que isso resulte. Não há preço que mude a psicologia das massas. Segundo estudo do portal HRS não há hoje nenhuma cidade grande no mundo com descontos tão grandes como os das grandes cidades Turcas.

Segundo o portal “touristik-aktuell”, a procura por destinos na Turquia (no que resta do inverno) sinaliza quedas de 5% - claro que isto resulta de sondagens, mas diz muito sobre o que se passa. Ainda por cima são números pré-atentado do dia 1º de janeiro.
Por outro lado, os mesmos estudos sugerem que o viajante alemão está a querer regressar ao Egito, mostra interesse por viagens a destinos mais longínquos, os quais estão a ter boa procura, bem como os “clássicos” destinos Grécia, Espanha e Portugal. Neste caso estamos a falar de reservas antecipadas para 2017 – aproveitando algumas oportunidades de preços mais favoráveis. É verdade que se trata apenas do mercado alemão. Mas isto sinaliza a possibilidade real de ganhos nos referidos países reforçando o bom desempenho dos últimos anos. O grande aumento das reservas em operadores clássicos (Dezembro 2016) vai para a Grécia, com destaque para Kos, Rhodes, Heraklion. Enfim, mantém-se a tendência: perdas na Turquia (entre outros), ganhos na Península Ibérica, Grécia, Caraíbas. Para a Páscoa 2017, há uma forte procura para as Canárias e para as Baleares, isso é já um dado adquirido, algo que se pode estender a Portugal.

Para terminar: estamos em pleno inverno com sol no Algarve, embora as noites estejam fresquinhas. Mas nada que se pareça com neve. Por falar em neve, ela cai na Europa central e do norte. As montanhas Suíças são um destino emblemático nesta altura. E quando o verão chega num local famoso pelo frio?

Quando o verão chega pode dormir num inovador quarto de Hotel sem paredes nem teto. Ver as estrelas é fácil. Veja a foto e sorria. Pode não parecer, mas este Hotel tem “room service”, tem Concierge, tem até pacotes “all inclusive”. Enfim, um Hotel sem estrelas, mas bom para ver as verdadeiras estrelas.